O Jornalismo e a Batalha Diária por Autonomia

Escrito Por : Ghibson Yuri Pereira

Na faculdade, aprendemos que o jornalismo é um “campo heterônomo”, como defende Bourdieu. Isso, na prática, significa que nosso trabalho não existe em um vácuo. Estamos sempre no meio de uma batalha de interesses, seja com os anunciantes, os donos dos veículos de comunicação ou, mais diretamente, com os políticos. A teoria de Bourdieu, de que o jornalismo tem uma “autonomia fraca”, é algo que vemos o tempo todo nos noticiários. A citação sobre a “disputa” entre governo e imprensa não é apenas um conceito, mas uma realidade que enfrentamos ao tentar obter uma informação exclusiva ou ao lidar com uma fonte que quer manipular a narrativa.

Essa tensão entre jornalismo e política é o que torna nossa profissão tão desafiadora e, ao mesmo tempo, tão vital. A teoria do Agendamento, por exemplo, não é só um conceito acadêmico para mim. É a consciência de que a escolha de uma manchete pode direcionar o debate público, e que essa responsabilidade é enorme. Pautar um tema significa, em essência, dizer ao público que aquele assunto é importante, e isso nos coloca em uma posição de poder, mas também de vulnerabilidade diante das pressões externas.

Hoje, com a ascensão da internet e das redes sociais, essa relação se tornou ainda mais complexa. Os políticos agora têm seus próprios canais para se comunicar, e o jornalismo tem que lutar para se manter relevante e confiável. O desafio é ainda maior, pois temos que combater a desinformação e as fake news, ao mesmo tempo em que buscamos manter a credibilidade em um cenário onde a polarização é a norma. O humor político, por exemplo, que antes era restrito a programas específicos, hoje se espalha em memes e posts nas redes, refletindo a forma como as pessoas se relacionam com a política, mas também borrando as fronteiras entre a crítica e a desinformação.

Pensando no meu futuro como jornalista, o que aprendo na teoria me prepara para os desafios práticos. O conhecimento sobre a heteronomia do campo me faz entender que a busca pela imparcialidade e pela verdade é um trabalho constante, que exige não só a checagem rigorosa dos fatos, mas também a consciência das forças que atuam sobre o nosso trabalho. É uma lembrança de que a profissão não é apenas sobre escrever, mas sobre lutar pela autonomia e pela credibilidade em um mundo que tenta, a todo custo, nos moldar a outros interesses. A nossa função, como futuros jornalistas, é garantir que a imprensa continue sendo um pilar fundamental da democracia.

Referencias:

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